domingo, 1 de janeiro de 2012

Ah, sejamos sinceras mulheres modernas: no fundo, no fundo, a gente quer mesmo é alguém pra dormir protegida no peito (de preferência largo, forte e levemente cabeludo).
E nem é medo de ficar pra titia não, além de ter cara de mais nova e ser bem nova, eu sou filha única. É vontade de sentir aquela coisinha misteriosa de "é esse!". Como será sentir isso? Eu sempre sinto que "pode ser esse, ou talvez com algumas mudancinhas possa ser esse ou talvez se ele quisesse, poderia ser esse...". Não, isso tá errado. Quero sentir que "é esse". Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, ser carregada no colo, casinha na montanha com direito a chocolate quente no café da manhã, cachorro e caseiro bacana. Quero ouvir Radiohead numa noite chuvosa e ter de um lado um livrinho na cabeceira da cama e do outro o homem que amo. Quero sabadão com churrasco e as famílias reunidas.Quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama. Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, et, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero descanso numa cama nossa e pura. Quero acordar domingo ao meio dia e passar o dia inteiro na cama assistindo comédia romântica e deitada naquele ombro largo e másculo. Quero feriados em Paris, ou só na cozinha de casa cozinhando com ele e pra ele. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele. Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for sincera em minhas desculpas e que ele fique ao meu lado quando perceber que estou chateada e não quero tocar no assunto. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que me faça comer comida apimentada sem medo, que me abrace apertado na pior parte do filmes de terror, respeite minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante e irônico. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina. Que a sua remela seja sequinha e não gosmenta. Tem que dançar charmoso, ser irônico, ser calmo porém macho (ou seja, não explodir por nada mas também não calar por tudo). Tem que ser meio artista e meio jogador de futebol. Tem que amar tudo o que eu escrevo e me olhar com aquela cara de "essa mulher é única". É mais ou menos isso. Achou muito? Claro que não precisa ser exatamente assim, tintim por tintim. Exigir demais pode fazer eu acabar sozinha.

(Adaptado do texto original da Tati Bernardi)

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